Em Tóquio, prefeitos de 29 cidades discutem políticas para atender a população estrangeira

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Falta de domínio do idioma japonês está na raiz de quase todos os problemas que envolvem os brasileiros

A falta de domínio do idioma japonês está na raiz de quase todos os problemas que envolvem os brasileiros. Pesquisa feita com 1.010 formandos do chuugakkoo de 29 cidades, mostra que até mesmo quem frequenta escolas japonesas sofre com isso. 80% foram para o kookoo. O restante desistiu de frequentar o colegial japonês. Alguns, por dificuldades para acompanhar as aulas. Outra pesquisa, desta vez com 911 pessoas, revela o perfil dos brasileiros.

A maioria vive há mais de 10 anos no Japão. Admite que é importante saber o japonês, mas ainda depende de um intérprete para resolver assuntos do dia a dia. Esses números foram apresentados na reunião anual das 29 cidades com grande concentração estrangeira. A população brasileira ocupa o primeiro lugar em quase toda a lista. Só perde para os chineses em Ueda e Iida, na província de Nagano. ¨A população estrangeira diminuiu 40%, principalmente a brasileira¨, diz o prefeito de Ueda, Souchi Motai.

Esse encolhimento tem relação direta com o mercado de trabalho. Em Minokamo, Gifu, a situação é mais preocupante. O fechamento da fábrica da Sony vai deixar pelo menos 800 brasileiros desempregados até março do ano que vem. A maioria mora em Minokamo. O prefeito Naoyoshi Watanabe disse que pretende adotar medidas para ajudar os trabalhadores. Vai trocar informações com as administrações locais, além de entrar em contato com o comitê formado pela província de Gifu para cuidar do caso.

O próximo encontro dos prefeitos, daqui a um ano, pode revelar um novo perfil de Minokamo. O que nunca muda são os temas chaves da política para estrangeiros. O nível de conhecimento do idioma avançou pouco em uma década. E isso só aumenta a dor de cabeça dos prefeitos diante da possibilidade de um grande terremoto ocorrer nos próximos anos.

¨Japoneses, estrangeiros, todos precisamos estar preparados para ir a uma mesma direção¨, diz o prefeito Masayoshi Shimizu, de Ota, Gunma. ¨E uma das barreiras é como chegar até os estrangeiros para passar as informações¨, acrescenta Saburo Matsui, prefeito de Kakegawa, shizuoka.

A cidade tem pouco mais de 2 mil brasileiros e fica a menos de 30 km da usina nuclear de Hamaoka. “Estamos tentando fazer com que os estrangeiros participem mais dos treinamentos contra desastres da cidade. Se houver a colaboração, aparecer líderes na comunidade voltados para isso, seria muito mais fácil para a cidade passar informações para a comunidade”, comenta o tradutor Alex Aikawa.

Os prefeitos compartilham problemas e soluções. Soja, em Okayama, é a caçula do grupo. Tem poucos estrangeiros, menos de 800 e quase 400 brasileiros, e muito orgulho dessa população. ¨A política para estrangeiros é coisa de coração. Precisamos criar laços profundos com eles”, afirma o prefeito de Soja, Souchi Kataoka.

E como foi dito na reunião, a falta de compromisso com o Japão é o que faz o estrangeiro ser apenas um estrangeiro no país.
Fonte: IPC Digital

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